O Favorito da Fênix

O motorista do Cardeal trouxe Ibrahim al-Dajaj para nosso primeiro encontro, e levou-nos ao que parecia ser uma padaria, em uma viela transversal à Via Veneto. Estranhei o lugar, mas o motorista informou que o Cardeal costumava conversar com o padre copta enquanto passeavam pelos jardins da Villa Borghese, e ali era um local próximo onde freqüentemente jantavam, com a sobriedade apropriada a dois eclesiásticos, mas com a qualidade garantida pelo proprietário, primo do motorista. De fato, no fundo da padaria havia um pequeno restaurante, em que a comida, embora simples, era bastante razoável.

 Ibrahim usava a barba característica dos padres coptas, mas, para manter-se discreto, tinha trocado a batina, o turbante e a grande cruz ou medalhão que costumam usar, por um terno antigo e simples, sem gravata. Era bastante magro, lembrando-me que pertencia a uma igreja de tradição ascética, na qual tinham florescido os primeiros monastérios cristãos, nos rigores dos desertos egípcios.

Logo de início, explicou-me como era possível que um sacerdote cristão fosse também da Grande Fênix. Afinal, eu me lembrava do discurso de Donald Cockburn: cremos que o Universo tem uma espécie de alma, que é o Princípio Imanente. Nossos históricos adversários religiosos acreditam em um Princípio Transcendente, que está fora do Universo, que o criou, que julga os homens, que pune e recompensa. Respondeu Ibrahim:

— Efeito Palimpsesto, Professor Xilóforo. Essa é apenas a mais simples das explicações. Como os católicos são Transcendentalistas, eles têm que aceitar o Diofisitismo: para eles, o Cristo tem duas Naturezas, uma Humana, Imanente, e uma Divina, Transcendente. Nós coptas somos Miafisitas: a Divindade e a Humanidade do Messias estão unidas em uma só Natureza, uma única physis, sem separação, sem confusão e sem alteração. Perfeitamente compatível com a crença no Princípio Imanente.

Lembrou que a Grande Fênix costumava se abrigar em Religiões Hospedeiras; no Egito, aninhara-se primeiro dentro da antiga religião egípcia, e depois dentro da greco-romana. Afinal o país se tornou cristão, juntamente com o restante do Império Romano, mas logo os cristãos egípcios se separaram dos fiéis a Roma, após o Concílio de Calcedônia, que adotou o Diofisitismo. Depois da conquista islâmica, os adeptos egípcios da Ordem se refugiaram definitivamente dentro do Cristianismo, já que o Islã determinava o respeito aos cristãos, na qualidade de Povo do Livro, mas, definitivamente, não tinha tolerância com pagãos.

Perguntei sobre a convivência da sensualidade da Fênix com o ascetismo copta, e Ibrahim respondeu que não havia problema quanto ao tabu da Ordem contra a abstinência sexual, já que os coptas ordenavam homens casados. De resto, à maneira de Epicuro e não muito diferentemente dos monges budistas, considerava que a vida mais agradável decorria do conhecimento, da amizade e dos prazeres simples de uma vida virtuosa, não da entrega aos apetites desenfreados. E acrescentou:

— Entretanto, creio que, muito mais que a história dessa síntese entre a Fênix e a Cruz, interessará ao Professor saber mais sobre a Primeira Encarnação Histórica da Nobre Ave; aquela que aconteceu no glorioso reinado do Favorito da Fênix, e cujas gloriosas circunstâncias desde então tentamos repetir.

Durante algumas horas, muito mais ouvi do que perguntei. Ibrahim al-Dajaj, falando em inglês correto, mas com forte sotaque árabe, quase salmodiava, como se recitasse um texto de cor; parecia, em alguns momentos, estar em transe. Por isso, passo no resto deste capítulo a palavra ao sacerdote copta, líder africano da Grande Fênix.

Bennu

No começo nós éramos os sacerdotes de Bennu, a Alma de Ra, a Alma do Sol, Aquele que Veio a Ser por Si Mesmo, Aquele que Ascende, o Senhor dos Jubileus; Aquele cujo Grito marcou o Começo do Tempo, quando a primeira ilha emergiu das águas. Ou Aquela, a Senhora, pois não tem gênero, como o Deus de Abraão. Por isso, éramos também os guardiães de Maât, a alada Senhora da Pena, Deusa da Justiça, do Equilíbrio e da Razão, protetora dos Faraós.

Por começo, digo o começo egípcio, que é o começo mediterrâneo, pois houve o começo chinês, o começo da América, e muitos outros começos que se perdem na névoa de antes da História. Na mesma névoa em que também se perde o começo dos Inimigos.

Pois os Inimigos eram os servos de Apep, o Adversário da Luz e de Maât, o Caos Divinizado, o Inimigo de Ra, o Senhor dos Eclipses, das Tempestades e dos Terremotos; a Serpente que se enrosca no Mundo, como a Jormundgand nórdica, que devora a si mesma e se enrosca no Tempo, como a Ouroboros grega, que se diz Fonte do Conhecimento, como a Serpente do Gênesis, aquela que hoje dá nome ao Astro do Apocalipse[1].

Mas o começo de que tratarei é o Começo Histórico; quando aconteceu, Bennu já se reencarnara duas vezes, desde que Khufu construiu a Grande Pirâmide. Ramsés pode parecer muito antigo, contemporâneo de Moisés e dos heróis de Tróia, infelizmente usados por nossos detratores para montar uma ridícula falsificação da origem de nossa Ordem [2]. Mas ele já era do chamado Novo Império, da décima-nona dentre as trinta dinastias do Egito antigo.

Os sinais do Retorno de Bennu, como sempre, começaram décadas antes, no reinado de Akhenaten, genial e louco. Nós nos recolhemos quando Akhenaten baniu os deuses antigos em favor de Aten, o Único, mas a fúria do faraó se dirigia principalmente contra os sacerdotes de Amon. Nós estávamos ocultos entre nossos hospedeiros, os sacerdotes do poderoso Hórus, filho de Osíris e Ísis, vingador do pai despedaçado por Set. Mas voltamos a agir quando o filho de Aten voou ao encontro do pai, e os Inimigos fomentaram a vingança dos sacerdotes dos velhos deuses contra a família real, para que o Egito fosse engolfado pelo Caos no qual eles prosperam.

Dentre os servos de Hórus, apoiamos Horemheb, ajudando-o a ascender da origem plebéia ao posto de maior general do país, e levando-o ao trono do Alto e Baixo Egito, no qual restaurou não só os antigos deuses, como a ordem e o governo. Os sacerdotes guerreiros da Guarda de Hórus se tornaram nossa primeira linha de defesa; quando a Cristandade vitoriosa pulverizou definitivamente os antigos deuses, foi nossa vez de absorvê-los e escondê-los, e hoje eles formam nossa fiel Guarda dos Falcões.

Tendo colocado a nosso lado os de Hórus, era preciso os tirar os de Set do poder dos Inimigos. Set, o irmão e assassino de Osíris, estéril como o Deserto de que é Senhor. No começo dos tempos mitológicos, Set era o defensor de Ra contra Apep, mas foi seduzido pelo Lado Escuro, e tornou-se um símbolo do Mal. Quando, séculos antes de Ramsés, os Inimigos trouxeram da Ásia os misteriosos Hicsos para dominarem o Egito, eles adotaram Set como seu deus maior, e colocaram os sacerdotes de Set a serviço deles. Por isso, Set ficou sendo o deus dos estrangeiros; sendo Set vermelho como o deserto, considerava-se que os ruivos, muito mais comuns entre estrangeiros do que entre egípcios, eram os seus preferidos.

Ora, os sacerdotes de Set, tal como seu deus, não apreciavam a companhia feminina, pouco importando que fossem ferozes guerreiros de máscula aparência. Diz-se que um dos mais poderosos faraós Hicsos, que adotara o nome de Apepi, em homenagem ao Senhor das Trevas, trouxe para a capital deles, a cidade maldita de Avaris, um misterioso feiticeiro núbio, dotado de um prodigioso Bastão do Poder. Esse Bastão teria o dom de enfeitiçar os seguidores de Set, tornando-os submissos aos desígnios dos Adversários. Alguns diziam que o feiticeiro, tal como os Inimigos, era imortal por dominar o segredo da Vida Longa; outros diziam que o poder do Bastão era mantido porque, de tempos em tempos, o rei dos feiticeiros mandava dos confins da Núbia um substituto indistinguível.

Sabíamos que, para preparar o Reino de Bennu, era preciso dominar os servos dos Inimigos, como Hórus vencera Set tanto pela astúcia quanto pela força. Sabíamos que Horemheb não estava destinado a ter progênie, e por isso colocamos a seu lado o sábio vizir que se tornou seu herdeiro. Quando Horemheb passou o trono a Ramsés I, sabia que este, já idoso, reinaria pouco tempo, mas teria como o sucessor o filho Seti I, ruivo como os estrangeiros, o primeiro dos faraós a desafiar o tabu e adotar o nome do deus temido por todos, para dominar os servos de Set e trazê-los volta ao Lado da Luz. Todos viram o sinal desse domínio, quando Seti I ganhou um filho também ruivo: Ramsés II, que se tornaria não apenas o Querido de Maât, como todos os faraós, mas também o Favorito de Bennu. Pois na hora em que ele nasceu, uma íbis dourada e vermelha, vinda da direção da Arábia, posou em nosso templo mais secreto.

No oitavo ano de reinado, Seti I enviou seu príncipe herdeiro numa expedição militar à Núbia. Não se sabe o que aconteceu entre Ramsés II e o rei dos feiticeiros núbios, mas este se retirou para o Sul, tendo passado a Ramsés o segredo do Bastão. Esse segredo, diz-se, foi a causa da longuíssima vida de Ramsés: cerca de noventa anos, quando o tempo normal de vida era de quarenta. Foi também a causa da prodigiosa fertilidade de Ramsés, que trouxe mais de uma centena de filhos. E foi o instrumento decisivo para que ele completasse o domínio sobre os sacerdotes de Set, iniciado pelo pai.

Assim, os servos de Set deixaram o domínio de Apep, e passaram a ser os Enviados de Set, o segundo pilar das forças de Bennu. Mais tarde, essa irmandade se espalhou por outras partes do mundo. Da Tebas egípcia passaram à Tebas grega, formando o Batalhão Sagrado. Quando Alexandre derrotou o Batalhão, incorporou os remanescentes a sua guarda, e os levou à Pérsia, onde Set foi identificado com Asmodeu, principal auxiliar de Arimã, o Princípio do Mal, e patrono daqueles que preferem a companhia dos iguais. Desde então formam a mais temida das corporações mercenárias. Os Inimigos nunca se conformaram com a perda de seus sicários, que se equilibram precariamente entre a Luz e as Trevas, usando a força do Mal contra o próprio o Mal. Por isso, em certos momentos trágicos da História, alguns são novamente seduzidos pelo Lado Escuro.

Conquistados os servos de Set, outros grandes colégios sacerdotais se submeteram a Ramsés. Os servos de Bast, a Deusa-Gata, se transformaram na Falange de Bast, a terceira casta guerreira a serviço do Faraó, complementando a força dos servos de Hórus e a ferocidade dos servos de Set. Ao contrário destes, na tribo de Bast eram as sacerdotisas quem fazia o trabalho de campo, permanecendo os homens no apoio e cobertura. Do Templo de Bast, onde foram achados trezentos mil gatos mumificados, saíam as sacerdotisas de Bast, astutas e sorrateiras, quando a espionagem, a sedução e a infiltração silenciosa fossem necessárias, de tal forma que ganharam a fama de poderosas bruxas. Eis a remota origem das temidas feiticeiras da Falange Felina, inimigas de todos os Inquisidores.

Muitos novos aderentes afluíram a nossa Ordem. Ela absorveu os sacerdotes de Thoth, o Deus-Íbis, o Escriba Divino, inventor das letras e dos números, contraparte masculina de Maât, a Razão. Como absorveu as sacerdotisas de Hathor, deusa da Beleza, do Amor e da Sedução, praticantes da Prostituição Sagrada, que trouxeram para a Ordem a fornicação ritual, tão ao gosto dos costumes livres do Antigo Egito. E como, graças à posse do Bastão do Poder, absorveu a Ordem de Min, o deus itifálico[3] da Fertilidade, o Macho da Montanha[4], cujo festival era a principal celebração presidida pelo Faraó. Todas essas ordens formaram nosso baixo clero, enquanto os sacerdotes de Bennu se tornaram o núcleo sagrado, o colégio sacerdotal superior, a Ordem dentro da Ordem.

E foi no Festival de Min que o Milagre aconteceu. O Faraó, acompanhado de toda a família real, arava e regava o solo, invocando a fertilidade. Erguia-se uma tenda sustentada por enorme mastro, galgado por homens que disputavam quem conseguiria chegar ao topo, prova na qual costumavam se destacar os guerreiros de Set[5]. Naquele ano, erguera-se um mastro especialmente grande, alusivo ao Bastão do Poder dominado por Ramsés. Da tenda, o Faraó se dirigia ao Templo de Min, onde ordenara que se preparasse um ninho de galhos de incenso, que seria queimado em louvor daquele deus.

No instante em que Ramsés acendeu a pira de incenso, a Íbis dourada e vermelha saiu do Templo de Bennu, pairou sobre o Faraó, e em seguida mergulhou na pira. As chamas, por um momento, pareceram subir aos céus, ofuscando tudo, e em seguida se desfizeram, deixando um monte de cinzas, que logo em seguida um fortíssimo turbilhão levou para longe. Choveu no deserto, e nunca o Nilo teve uma cheia tão fértil quanto nesse ano.

E assim o Favorito de Bennu reinou sobre um Egito próspero, por muitas décadas. Construiu colossos que até hoje o mundo admira, como o Ramesseum, o Templo de Abu Simbel e a tumba de Nefertari, a mais amada de suas esposas. Desafiou os tabus que cercavam a cidade maldita de Avaris, capital dos odiados Hicsos, construindo no mesmo local sua nova capital, Pi-Ramsés. Até hoje há quem acredite que ele tenha conseguido a Imortalidade real, e esteja oculto, até o dia em que enfrentará os Imortais dentre os Inimigos, tendo sido mumificado em seu lugar algum outro velho ruivo; mas essa é apenas uma das lendas que sempre surgem em torno de todos os Grandes.

Pois Ramsés não deixou de ser humano, como atestam as cáries e a dolorosa artrite encontrados em sua múmia; e algumas poucas vezes não conseguiu completamente seus objetivos. Foi longa e dura a guerra contra os Hititas, reforçados pelos Inimigos, sempre poderosos no Oriente Médio onde até hoje são Senhores da Guerra. Ramsés pôs os Hititas em fuga, depois de quase perecer numa cilada, mas nenhum dos lados conseguiu uma vitória decisiva, e finalmente assinaram o primeiro tratado de paz registrado pela História, selado pelos sucessivos casamentos do Faraó com duas princesas hititas.

Em tão longa vida, oito rainhas se sucederam no título de Grande Esposa Real, além das inumeráveis esposas menores e concubinas. Nefertari, a Bela Companheira, a Primeira de todas, foi Grã-Sacerdotisa de Hathor, depois sucedida pela filha Meritamen, também Grande Esposa Real, conforme o costume egípcio. Isetnofret, ou Ísis, a Bela, a Segunda, Grã-Sacerdotisa de Bast, mãe de Bintanath, filha mais velha e também Grande Esposa Real. Mãe também de Khaemweset, o mais sábio dos príncipes, o primeiro egiptólogo e o mais poderoso dos magos do Egito, que na qualidade de Grão-Sacerdote de Ptah arquitetou a estrutura de ordens e sociedades secretas que guardaria o legado do Favorito. E ainda Nebettawy, não se sabe se filha de Nefertari ou Isetnofret; Henutmire, talvez filha, talvez irmã mais nova; Maathorneferure, nome egípcio de uma das princesas hititas do Tratado de Paz; e a segunda princesa hitita, cujo nome Ramsés não se deu ao trabalho de preservar.

Tendo vivido mais que os herdeiros mais velhos, Ramsés deixou afinal o trono para o décimo-terceiro filho Merenptah, também filho de Isetnofret. Já com sessenta anos, ainda reinou mais dez, de forma justa e competente. Depois disso, poucos grandes faraós houve, com raras exceções, como Ramsés III, um dos fundadores da dinastia seguinte. Mesmo assim, o Egito sobreviveu por muitos séculos, até que viessem os persas, e depois os gregos e os romanos, todos os quais muito influenciamos.

Após o reinado do Favorito, nem todas as ordens sacerdotais se mantiveram no Caminho da Luz. No caso dos guerreiros de Set, como foi dito, os Inimigos ocasionalmente conseguiram retomar alguns grupos. Algumas ordens menores voltaram definitivamente à órbita dos Outros, transformando-se em organizações fanáticas, terroristas ou criminosas. Por exemplo, a Ordem de Sobek, o Deus-Crocodilo, voltou para o Lado Escuro. Segundo a tradição, isso foi conseguido por um único dos Inimigos, um desconhecido de saiote branco e cabelos e olhos muito negros, que alguns diziam estranhamente semelhante a Apepi, o faraó maldito dos Hicsos. Muitas de nossas ordens usavam ervas mágicas para entrar nos transes sagrados; esse estrangeiro, dizem, trocava as ervas legítimas por outras que colocavam sob seu domínio que as usava. Não conseguiu burlar a vigilância da Guarda de Hórus, dos Enviados de Set e da Falange de Bast, mas os servos de Sobek, por excesso de confiança, foram presas mais fáceis, tornando-se uma Seita de Assassinos.

Mas nossa maior frustração ficou por conta dos servos de Anúbis. O Deus-Chacal era meio-irmão de Hórus, pois sua mãe, Néftis, vendo que o marido Set pouco se interessava por deusas e era infértil como o deserto, tomou a forma de Ísis, para se deitar com Osíris. Sendo Anúbis o deus dos negócios fúnebres, que eram a principal atividade econômica do Egito, onde toda a vida era dedicada à preparação para a morte, seus sacerdotes acumularam imensas riquezas, construindo e administrando pirâmides e tumbas, preparando múmias e conduzindo todos os tipos de orações e rituais. Riquezas ainda maiores porque era difícil aos parentes acompanhar a exata destinação das contribuições solicitadas por Anúbis, e os mortos nunca se queixavam. Embora indispensáveis, seus servos não eram dos sacerdotes mais queridos, e, por causa da origem bastarda do Deus-Chacal e do ardil de Néftis, eram muitas vezes chamados de filhos da meretriz.

Sempre dispostos a servir aos estrangeiros, desde o tempo dos Hicsos, venderam informação para os Hititas, o que acabou sendo descoberto pelo Favorito. Foram severamente punidos por Ramsés, sendo executados uns tantos e, pior ainda, todos obrigados a pagarem impostos. Daí em diante, enquanto o Favorito reinou, ninguém o bajulou mais do que eles; em tumbas e monumentos funerários de antigos reis, apagaram os nomes destes nas narrativas das respectivas façanhas, trocando-os pelo nome do Faraó reinante. Assim, assinada a paz com os Hititas, passaram a fazer investimentos e grandes negócios no Oriente Médio.

Aproveitaram esse comércio para se instalarem firmemente entre os fenícios, aparentados com os invasores Hicsos. Lá, passaram a constituir a irmandade de adoradores de Mamona, deus ou demônio do dinheiro, conforme o ponto de vista, e prosperaram ainda muito mais, dando cada vez mais atenção ao dinheiro e menos às crenças. Até serem introduzidos na Grécia pelo mítico Csífodas, o Cínico, na forma da Confraria que até hoje combatemos.

[1] Refere-se ao asteróide Apófis, nome grego de Apep. Esse asteróide passará próximo à Terra em 2029, e há uma pequena possibilidade de que um desvio de órbita o leve a colidir com o planeta em 2035. Por isso, a Planetary Society está promovendo um concurso para selecionar um projeto de missão ao asteróide, com o objetivo de instalar um marcador que permita o rastreamento mais preciso de sua órbita.

[2] Relembro que essa versão, que atribui a origem da Grande Fênix a um estratagema de Ulisses, foi narrada no Primeiro Livro. Segundo a Ordem, é uma falsificação montada pelo Serviço Secreto dos Macabeus.

[3] Termo iconográfico, referente a imagens masculinas em estado de ereção, usadas em muitas culturas para representar deuses da fertilidade, como o Príapo romano.

[4] Será a divindade tutelar do Zé do Crivo?

[5] É interessante comparar o Mastro de Min com objetos similares de outras culturas, como o maypole britânico (Maipol na Alemanha, com equivalentes em outros países europeus) e o pau-de-sebo das festas juninas brasileiras. Neste caso, destaque para o Pau de Santo Antônio, de Barbalha (!), no Ceará. Todos têm alguma relação com rituais de fertilidade. No caso cearense, uma multidão de homens, abastecidos por um fabricante de famosa cachaça, procura na floresta o pau maior e mais grosso, que homenageará o santo casamenteiro.

     

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