Perguntas freqüentes

  1. O que é a Ordem da Grande Fênix?
  2. O que a Seita ou Ordem da Grande Fênix tem a ver com Ordem da Fênix, que figura em um livro daquele menino inglês?
  3. Sua pesquisa tem algo a ver com outros best-sellers que tratam de sociedades secretas?
  4. Como reconhecer um adepto da Grande Fênix?
  5. Quais os sinais de influência da Grande Fênix?
  6. A Grande Fênix tem datas festivas? Elas têm alguma coisa a ver com as datas festivas de outras religiões?
  7. Existe algum grupo predominante de sociedades secretas?
  8. Existe alguma relação entre os ovos de Páscoa e a Grande Fênix? E o que o coelho tem com isso?
  9. A prostituição é uma ofensa à Grande Fênix?
  10. Ao mesmo tempo em que Las Vegas é conhecida pelo grande apelo ao sexo e pelas dançarinas cheias de penas, tudo lá é em função do dinheiro. É um reduto Csífodas ou Fênix?
  11. E o Carnaval? Com tantas mulheres seminuas cobertas de penas?
  12. Como a Grande Fênix lida com o homossexualismo?
  13. Como a Grande Fênix enxerga os mitos de Leda e Ganimedes? Qual o simbolismo dessas lendas? Afinal, Ganimedes não botou ovos...
  14. Como a Ordem da Grande Fênix vê o sexo?
  15. O que é a Cerimônia do Biscoito?
  16. O que é a Confraria de Csífodas?
  17. O que a xenoetologia tem a dizer sobre a Confraria de Csífodas?
  18. Qual a concepção da Confraria de Csífodas sobre a condição feminina?
  19. Mas quem foi Csífodas, o abominável?
  20. Por que os Xilóforos são inimigos dos Csífodas?
  21. Como os Csífodas e a Grande Fênix disputaram o controle da Roma antiga?
  22. O que aconteceu com os Csífodas na Idade Média?
  23. Qual a relação entre os Csífodas e o capitalismo?
  24. A quantas andam os Csífodas hoje em dia?
  25. O que é a Sociedade do Grande Dragão?
  26. O que as grandes sociedades secretas têm em comum?
  27. O uso da pomba como imagem da paz tem alguma ligação com a Grande Fênix?
  28. A Grande Fênix tem algo a ver com os Illuminati? Quem é mais influente?
  29. De quem são os símbolos na nota de um dólar? Quem governa os Estados Unidos? Algum grupo está querendo introduzir uma nova ordem mundial, e escravizar a Humanidade?

P - O que é a Ordem da Grande Fênix?

R - A Ordem (ou Seita) da Grande Fênix é, naturalmente, o tema destas páginas. A redescoberta dessa sociedade é narrada detalhadamente em meu folhetim eletrônico. Essa Ordem teve grande destaque na civilização greco-romana, como um dos principais Cultos de Mistério. Adversária de todas as grandes religiões monoteístas, passou à semi-clandestinidade desde que o Império Romano se tornou definitivamente cristão. A Ordem acredita em um Espírito Imanente do Universo que, periodicamente, se encarna em uma Nobre Ave. Essa ave mágica e maravilhosa, a Fênix, se sacrifica pela Humanidade em uma Pira Ardente. Segundo as Escrituras da Grande Fênix:

Não somos politeístas, mas cremos que o Universo tem uma espécie de alma, que é o Princípio Imanente. Nossos históricos adversários religiosos acreditam em um Princípio Transcendente, que está fora do Universo, que o criou, que julga os homens, que pune e recompensa. Nós estamos entre aqueles que crêem no Universo como Força auto-organizada, que se dirige para algum Estado Superior. Quanto à Fênix, não é uma divindade apartada da Matéria, mas uma espécie de ressonância dessa Força, que se manifesta de forma periódica. Note bem: ao contrário dos transcendentalistas, não nos intitulamos donos da Verdade, mas apenas de uma visão da Verdade. A Grande Fênix é uma das ressonâncias dessa Verdade, não necessariamente a única. Suas Encarnações são como nodos nas vibrações dos fluxos do Universo. É como se o Universo tivesse fluxos ou linhas de força, que conduzem as ações de todos os seres e coisas, focalizando-as em acontecimentos cruciais, que representam estágios de evolução da Alma do Universo.

Os adeptos da Ordem são misórnitos, ou seja, não podem consumir carne de ave. Excetuam-se dessa proibição apenas os sacerdotes, como explica o seguinte trecho das Escrituras:

O Culto da Fênix não permite o consumo profano de carne de aves, por parte dos leigos. Mas os sacerdotes são obrigados a consumir as aves sacrificadas em nossos rituais. Acreditamos que, de tempos em tempos, a Grande Fênix ressurge, trazendo uma era de grande prosperidade para os homens. Como ela pode ser reencarnada em qualquer ave, um leigo poderia inadvertidamente devorá-la, e adiar, talvez por muitos séculos, a próxima Idade de Ouro. Apenas os sacerdotes têm o longo treinamento necessário para reconhecer os sinais da Fênix. Nossos rituais visam demonstrar ao Espírito da Grande Fênix que a humanidade está pronta para recebê-lo novamente. Sendo favoráveis os auspícios, de maneira que só os sacerdotes sabem reconhecer, devem estes consumir uma ave em sacrifício. No caso, o sacrifício é da própria avezinha, que imola sua vida; do sacerdote, que se obriga a suportar o gosto das penas; e até do Espírito da Grande Fênix, que doa aos homens uma centelha de sua emanação divina.

P - O que a Seita ou Ordem da Grande Fênix tem a ver com Ordem da Fênix, que figura em um livro daquele menino inglês?

R - Nada. Aquele é um livro de ficção infanto-juvenil, e meus escritos são o resultado de pesquisa científica, embora um pouco romanceada para fins de divulgação. Aliás, minha pesquisa foi publicada um ano antes daquele livro. Se o leitor duvida, vá até o sítio da Biblioteca Nacional e selecione Serviços / Direitos Autorais / Busca ao Catálogo do EDA. Pesquise A Grande Fênix; está registrada sob o número 255089, livro 455, folha 249, embora eu tenha usado um pseudônimo, dada a natural modéstia que convém a um verdadeiro cientista. Lá constatará o leitor que a data de registro é 27/3/2002.

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P - Sua pesquisa tem algo a ver com outros best-sellers que tratam de sociedades secretas?

R - Se for para procurar semelhanças temáticas, o livro mais próximo é o O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco, embora só o tenha lido depois de registrada a pesquisa. Eco, aliás, não incluiu a Grande Fênix no ror de seitas e ordens levantados por seus intrépidos personagens, o que mostra o sucesso dessa seita em ocultar-se dos olhares públicos; mas incluiu outros grupos com comportamentos semelhantemente inusitados. Outros livros aparentados ao Pêndulo, como o Baudolino, do próprio Eco, e O Código da Vinci, de Dan Brown, passam, por transitividade, a ter algo a ver com os fatos que descobri. Mas A Grande Fênix foi escrita antes que eu tivesse lido qualquer desses livros; qualquer semelhança, portanto, ou é coincidência, ou se deve à intersecção não-vazia dos universos de discurso.

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P - Como reconhecer um adepto da Grande Fênix?

R - Excetuando-se certos lugares e épocas em que a Seita houve por bem adotar postura mais ostensiva, os adeptos da seita sempre foram muito discretos, e procuram comportar-se como pessoas normais, na maioria dos casos. Oficialmente, aliás, a Seita estaria extinta há muitos séculos. Em todo caso, o sinal mais seguro de que alguém pertença à Ordem é a aversão à carne de aves, sem que haja repulsa por qualquer outro tipo de carne.

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P - Quais os sinais de influência da Grande Fênix?

R - A influência da Seita sempre foi muito maior que a quantidade de seus membros. Ao contrário de seus rivais da Confraria de Csífodas, a Grande Fênix requer de seus adeptos a rigorosa observância de um low profile. Eles sempre preferiram infiltrar-se discretamente em movimentos políticos e até em outras religiões. O objetivo é atingir posições de poder, nas quais possam moldar os destinos da Humanidade. Por que será que a Águia sempre foi símbolo de impérios poderosos, como o Império Romano, o Império dos Habsburgos e os Estados Unidos?

Observe-se também que a Grande Fênix é uma seita pagã, que não reivindica o monopólio da verdade religiosa. Pelo contrário, ela procura mesclar-se com outras religiões, a que chamam de "religiões hospedeiras", e que lhes servem de esconderijo. Notem-se quantas entidades semelhantes a pássaros existem nas mais diversas religiões. Mesmo as religiões monoteístas acreditam em anjos, que representam como pessoas aladas, que teriam o mesmo objetivo da Fênix: mediar entre o Humano e o Divino.

Eu poderia citar muitos outros sinais, mas vou terminar com um exemplo lingüístico. A maioria das línguas européias têm sobre nomes relacionados com pássaros: Pinto, Falcão, Lecoq, Cockburn, Hawks, Gallo, Adler, Hahnemann etc. Devemos lembrar-nos também que a Ordem enfatiza fortemente a sexualidade, e que, em muitas línguas, nomes de aves são usados para termos relativos ao sexo, principalmente referentes à genitália masculina.

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P - A Grande Fênix tem datas festivas? Elas têm alguma coisa a ver com as datas festivas de outras religiões?

A maioria das religiões, pagãs ou não, tende a colocar datas festivas importantes perto de eventos astronomicamente significativos, como os equinócios e solstícios. Por exemplo, no caso do Cristianismo, adotando como referência as estações do hemisfério norte: solstício de inverno = Natal; equinócio de primavera = Páscoa; solstício de verão = Dia de São João; equinócio de outono = Dia de São Miguel.

As datas correspondentes na Grande Fênix são: solstício de inverno = Renascimento da Fênix; equinócio de primavera = Vôo da Fênix; solstício de verão = Acasalamento da Fênix; equinócio de outono = Sacrifício da Fênix.

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P - Existe algum grupo predominante de sociedades secretas?

Meus estudos me levaram à conclusão de que existem realmente três sociedades secretas mais poderosas, além de miríades menores. A mais conhecida das três grandes é a que poderíamos chamar de Internacional Capitalista, que eu chamo de Confraria de Csífodas, e outros chamam de Comissão Trilateral, Consenso de Washington etc.

A segunda é a Seita da Grande Fênix, sobre a qual escrevei o livro que está sendo publicado como folhetim eletrônico neste sítio (site, para os colonizados). Ela tem a ver com grandes momentos de liberação sexual da Humanidade, como os períodos áureos dos gregos e romanos, a Renascença italiana, o Iluminismo do século XVIII e o movimento hippie.

Da terceira, pouquíssimo sei, inclusive o nome verdadeiro, de tão secreta que é. Por conveniência e simetria, costumo chamá-la de Sociedade do Grande Dragão. Suspeito que ela esteja por trás dos piores momentos da Humanidade, como a Inquisição, o Nazismo, o Apartheid, George W. Bush etc.

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P - Existe alguma relação entre os ovos de Páscoa e a Grande Fênix? E o que o coelho tem com isso?

Como eu disse em uma resposta anterior, a Páscoa coincide aproximadamente com o equinócio de primavera (do hemisfério norte). Mais precisamente, o domingo de Páscoa cai no primeiro domingo depois da primeira lua cheia depois do equinócio de primavera. Muito cósmico, e a Ordem da Grande Fênix usa a mesma ocasião para comemorar o seu Grande Vôo. Consultei meus contatos na Ordem, e eles dizem que a Fênix fazia o Grande Vôo precisamente porque tinha acabado de por os ovos que garantiam a propagação de seus genes em determinado local. Isso, aliás, confirma que a Grande Fênix é fêmea, o que era uma dúvida que eu tinha. E muito promíscua, já que é capaz de acasalar-se com qualquer espécie de ave. Portanto, para ela, o próprio Grande Vôo é uma comemoração da reprodução: ela cumpriu sua missão em certo lugar, e foi se reproduzir alhures. Já a história do coelho foi inventada pelos sacerdotes da Fênix para dar um toque mágico, no qual os crédulos camponeses pudessem acreditar sem muitas explicações, e assim proteger os ovos da Nobre Ave.

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P - A prostituição é uma ofensa à Grande Fênix?

A Seita da Grande Fênix, como muitas seitas do paganismo clássico, praticava a prostituição sagrada. Suas sacerdotisas consumavam o ato como um sacrifício (?!) à Nobre Ave, mas não eram proibidas de receber espórtulas razoáveis, ou até dízimos, no caso de devotos mais fervorosos. Por outro lado, a prostituição em escala empresarial era considerada simoníaca, e como tal condenada pelos doutores da Seita. Vê-se que a doutrina da Seita se refletiu na legislação de muitos países, inclusive o Brasil: a prostituição artesanal é lícita, mas a variante industrial é considerada lenocínio e, portanto, no mínimo, contravenção penal.

Hoje em dia a Seita alega que, em deferência aos pruridos da moral de outras religiões atualmente dominantes, a prostituição sagrada foi ritualmente substituída pela Cerimônia do Biscoito. Mas tenho algumas indicações de que, em certos locais, os ritos antigos continuam, e até de forma entusiástica. De qualquer maneira, assim como muitas pessoas praticam duas ou mais religiões de forma simultaneamente, existe gente que queima uma vela à Fênix e outra a Csífodas, embora essas duas ordens sejam, teoricamente, antagônicas e incompatíveis. Ou seja, misturam prazer com ganha-pão. Como naquela história da suposta falta de profissionalismo do brasileiro...

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P - Ao mesmo tempo em que Las Vegas é conhecida pelo grande apelo ao sexo e pelas dançarinas cheias de penas, tudo lá é em função do dinheiro. É um reduto Csífodas ou Fênix?

Trata-se de uma cidade situada no deserto americano, local que tem um significado todo especial para a Seita (como poderá constatar quem está acompanhando o folhetim, em um dos capítulos futuros). A poucas dezenas de quilômetros, fica o estado do Arizona, cuja capital é nada menos do que Phoenix! Mas o boom de Las Vegas foi devido aos primeiros cassinos, supostamente controlados pelos gangsters. E sabemos que as fronteiras entre as sociedades secretas e as entidades do crime organizado às vezes são fluidas, embora a Ordem se recuse a comentar sobre isso.

Consultei, portanto, meu assessor para assuntos mafiosos, que vem a ser sobrinho de meu grande mestre Fuk Yu-meng, ou seja, Fuk Yu Two, restaurateur, instrutor de artes marciais e tesoureiro de uma sociedade beneficente chinesa. Ele também foi discreto, mas me disse que don Tommaso Menefrego, também citado em meu livro, tinha interesses em Las Vegas. Coincidência ou não, é sabido que a família de don Tommaso, séculos atrás, trabalhava para a Inquisição, espionando sociedades secretas, uma das quais a Grande Fênix. Vá saber. O fato é que, realmente, hoje em dia, a Confraria de Csífodas praticamente substituiu os gangsters como donos de Las Vegas, e o foco da cidade se deslocou dos negócios ligados ao sexo para o entretenimento familiar. Dizem também que, depois que os gangsters foram suplantados pelos capitalistas convencionais, Las Vegas ficou mais cara e menos segura.

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P - E o Carnaval? Com tantas mulheres seminuas cobertas de penas?

É certamente uma festa que têm muitas influências da Grande Fênix. Tal como outras seitas clássicas, a Ordem era muito ativa nas grandes festas greco-romanas, como as Bacanais e as Saturnais, que precederam o carnaval. Mas este tem um significado ainda mais especial para a Ordem. Com efeito, a Nobre Ave se acasalava durante o período do Carnaval, que é sempre lua nova, e punha seus novos na época da Páscoa, quarenta dias depois. Quarenta, como provo no meu livro, é um número que tem um sentido mágico poderoso para a Ordem da Grande Fênix. Além disso, a lua nova oferecia à Fênix o máximo de tranqüilidade para o acasalamento, que podia ser feito às escondidas dos cônjuges traídos das demais espécies. Como se sabe, a lua nova era a também época preferida pelos homens das cavernas para o sexo, pois a escuridão total dificultava a caça noturna, e não havia na época outras opções de lazer. Daí vem o fenômeno de sincronização que faz com que o período menstrual da fêmea humana coincida com o período da revolução lunar. Essa é uma das muitas ligações que a Ordem aponta entre o comportamento da Nobre Ave e o comportamento humano. Assim, o carnaval tem grande carga mística para os adeptos da Seita, e não são mera coincidência as plumas, a águia da Portela, o fato de que pessoas recatadas no resto do ano fornicam abundantemente no carnaval, e de que a isso se chama “soltar a franga” etc.

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P - Como a Grande Fênix lida com o homossexualismo?

Tendo a religião da Grande Fênix um intenso foco heterossexual, seus dirigentes quase sempre são heterossexuais bastante convictos. Entretanto, a Ordem nada tem contra os homossexuais, e, tal como acontece em outras religiões, existem muitos deles no baixo clero. E, ao contrário de outras religiões, a Ordem condena energicamente a homofobia. Para eles, a única orientação sexual malvista é a assexual.

É verdade que houve, durante alguns séculos, um ranço entre a Ordem e os Enviados de Asmodeu, por causa do acontecido na tomada de Bagdá (pelos mongóis, é claro, não pelos americanos). Mas eles fizeram as pazes alguns séculos depois. É um episódio interessante, que envolve alguns notáveis do Renascimento italiano, e que relatarei em um futuro livro.

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P - Como a Grande Fênix enxerga os mitos de Leda e Ganimedes? Qual o simbolismo dessas lendas? Afinal, Ganimedes não botou ovos...

Certa vez, consultei minhas fontes na Ordem, perguntando se a Fênix, sendo um animal de libido tão intensa que se acasalava com aves de outras espécies, era também bissexual, ou até, quem sabe, hermafrodita. As fontes me disseram que, para alguém que não só era estranho à Ordem como agnóstico, eu estava querendo saber demais. Isso me deixa com as seguintes especulações alternativas, quanto às possíveis relações alegóricas entre a lenda de Ganimedes e a Grande Fênix:

  1. Se Leda podia botar ovos, por que não Ganimedes?
  2. Ganimedes não botava ovos, mas Júpiter sim. Afinal, ele pariu Minerva.
  3. A Grande Fênix é representada pelo pavão de Juno, pois ela é um aspecto da Deusa-Mãe; o culto da Grande Fênix enfatiza o Eterno Feminino. A águia e o cisne de Júpiter representam apenas seus consortes.

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P - Como a Ordem da Grande Fênix vê o sexo?

R - A Ordem é bastante entusiástica em relação à maioria das modalidades sexuais. Ela foi esteve por trás de grandes momentos de liberação sexual da Humanidade, como os períodos áureos dos gregos e romanos, o Iluminismo do século XVIII e o movimento hippie. Como muitas seitas do paganismo clássico, praticava a prostituição sagrada. Suas sacerdotisas consumavam o ato como um sacrifício (?!) à Nobre Ave, mas não eram proibidas de receber espórtulas razoáveis, ou até dízimos, no caso de devotos mais fervorosos. Por outro lado, a prostituição em escala empresarial era considerada simoníaca, e como tal condenada pelos doutores da Seita. Vê-se que a doutrina da Seita se refletiu na legislação de muitos países, inclusive o Brasil: a prostituição artesanal é lícita, mas a variante industrial é considerada lenocínio e, portanto, no mínimo, contravenção penal. Hoje em dia a Seita alega que, em deferência aos pruridos da moral de outras religiões atualmente dominantes, a prostituição sagrada foi ritualmente substituída pela Cerimônia do Biscoito. Mas tenho algumas indicações de que, em certos locais, os ritos antigos continuam, e até de forma entusiástica.

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P - O que é a Cerimônia do Biscoito?

R - Essa cerimônia teve origem em um dos momentos mais difíceis da história da Ordem, como cito em A Grande Fênix:

Em meados do século II A.C, os judeus se revoltaram vitoriosamente contra a dinastia dos Selêucidas. Sob o comando da família de sacerdotes guerreiros dos Macabeus, desfraldaram a bandeira do combate ao paganismo e à devassidão do mundo helênico. Naturalmente, os fiéis da Grande Fênix passaram a ser reprimidos no reino judaico restaurado, e foram expulsos ou passaram à clandestinidade. Na mesma época, os reinos alexandrinos foram caindo sob o jugo da República de Roma. A República ainda tinha códigos morais bem mais rígidos que os do mundo helênico; as orgias do Império ainda estavam muitas décadas no futuro. Os sacerdotes da Fênix perceberam que era hora de adotar rituais mais austeros, quando a República proibiu os Bacanais, versão romana de Culto de Dionísio. Aboliram-se as cópulas rituais como momento supremo dos cultos. O sacrifício passou a ser mais simbólico, afogando-se ritualmente um ganso. Em alguns locais, a penúria da Ordem chegou a tal ponto que não podiam sequer dar-se o luxo de afogar o ganso. Nestes locais, o ritual tornou-se ainda mais simbólico: o ganso era substituído por um simples biscoito, que era molhado em um copo de leite.

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P - O que é a Confraria de Csífodas?

R - Essa Sociedade é dedicada, há milênios, ao culto do dinheiro. Suas origens se perdem na bruma dos mitos, mas crê-se que se originaram na Fenícia, entre mercadores que se dedicavam ao culto de Mamona (Mammon), deus ou demônio da riqueza (conforme o ponto de vista). Csífodas foi o personagem quase-mítico que levou a Confraria para a Grécia, aproveitando para dar-lhe o próprio nome e fazer um merchandising pessoal. Contrapondo-se à Ordem da Grande Fênix, que idolatrava as aves, fizeram do cachorro seu animal simbólico. Naturalmente, nem todos os proprietários de cães pertenciam à Confraria, mas os membros destas eram estimulados a acostumar seus cães ao comportamento mais espaçoso possível, de modo a refletirem o poderio dos donos. Este aspecto originou a inimizade milenar entre os Confrades e o clã dos Xilóforos, como narro em um capítulo de meu folhetim eletrônico:

Enxergo o comportamento do cão como se fora radiografia da índole de seu senhor. São raios X que ignoram os tecidos moles do treinamento social, e expõem o esqueleto real da personalidade. Ao investir sobre passantes, o cão expõe os mais íntimos impulsos do dono: assegurar território e eliminar estirpes concorrentes. Cães disciplinados indicam donos capazes de refrear estes impulsos. ... Este estágio evolutivo, evidentemente, não foi atingido e nem sequer almejado pelos discípulos de Csífodas, o abominável. Os cães bradam por eles: não temos limites, queremos morder e deglutir o que pudermos, queremos urinar e defecar no maior território possível, e queremos emprenhar o máximo de fêmeas para legar aos pósteros nossos preciosíssimos genes.

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P - O que a xenoetologia tem a dizer sobre a Confraria de Csífodas?

R - O poderoso método xenoetológico me permitiu analisar, categorizar, modelar e prever os comportamentos das diversas variantes do comportamento csifódico. Notam-se, por exemplo, significativas variações correspondentes aos diversos membros da família Csífodas::

A estirpe de Csífodas é, por essência, prolífica e multifacetada. Normalmente, a espécie atinge o auge da virulência nos machos de meia idade, geralmente já enriquecidos por roubo, herança ou, pura e simplesmente, pela prática normal do capitalismo. ... o jovem herdeiro das tradições de Csífodas é um jovem tipicamente parrudo e bombado, de pouco falar e menos ainda pensar. Nos fins de semana, percorre as ruas da vizinhança exercitando-se, acompanhado do respectivo pitbull ou equivalente, de coleira de pontas, para pavor dos incautos que lhes cruzam as marchas aceleradas. Na realidade, o principal perigo está no rapagão, pois o cachorrão lhe é invariavelmente submisso, graças à quota de porradas que o garotão não deixa de reservar ao fiel companheiro, por mais que as gaste com bandos rivais ou mesmo com pobres coitados assortidos.

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P - Qual a concepção da Confraria de Csífodas sobre a condição feminina?

R - A Confraria é essencialmente masculina. Das mulheres, esperam eles que desempenhem papéis bem específicos, como se pode observar quanto ao relacionamento canino: Já a senhora ou a senhorita Csífodas, mui femininamente, prefere a companhia de poodles, de preferência cadelinhas tosadas em estilo Fifi. As Fifis, na realidade, são mais incômodas que os pitbulls dos garotões. Estes sequer olham para o lado se o dono não o ordenar; as Fifis querem fungar nas pernas de todos os passantes, e se estes não o permitem, ficam ofendidíssimas, no que são acompanhadas pela patroa:

¾ Mas ela não moorde!

Se o prezado leitor tentar enxotar a Fifi, madame ou mademoiselle Csífodas se manifestará indignada com sua insensibilidade com as pobres criaturas, e tentará chamar a si a cadelinha, geralmente sem muito sucesso:

¾ Vem, Fifi, veém! Ai, Fifi, para com isso! Fii-fi!

Se monsieur Csífodas estiver por perto, virá em defesa da fêmea da espécie, e estará feito o angu. Pois embora os discípulos de Csífodas nutram intimamente desprezo pelas mulheres, e as destratem costumeiramente, encaram tais desavenças com outros machos como potenciais ameaças à propagação de seu patrimônio genético. E assumem sem rebuços a animalidade primordial.

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P - Mas quem foi Csífodas, o abominável?

R - Não se sabemos se esse personagem existiu, afinal. Segundo a tradição, seria um mercador fenício radicado na Grécia, mas é mais provável que fosse o pseudônimo coletivo de toda uma corporação, como o matemático Nicolas Bourbaki. Intitulavam-se [b]cínico[/b]s, aludindo ao estranho relacionamento que mantinham com os cães, e do comportamento deles parece ter vindo o sentido moderno da palavra.

Estranhamente, o nome era também usado por um grupo de filósofos, dos quais o mais famoso foi Diógenes de Sínope. Esses filósofos se distinguiam pelo extremo desprendimento material, ou seja, eram exatamente o oposto dos Confrades. Existem várias explicações para a adoção do nome cínico por esses filósofos; seria pelo hábito de fazerem suas necessidades em qualquer lugar, ou por suas maneiras agressivas e mal-educadas (esta também se aplica à Confraria). Como Diógenes era, além disso, grande gozador e muito desaforado, desconfio que a intenção dele, ao assumir o adjetivo, fosse gozar com a cara dos Confrades. Bastante plausível, para quem gozou Platão e Alexandre, o Grande. Zombou também dos atenienses em geral, ao sair com uma lanterna em pleno dia, procurando um homem. Diógenes, aliás, tem outras histórias muito boas, mas isso fica para outra vez.

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P - Por que os Xilóforos são inimigos dos Csífodas?

R - A inimizade entre os Xilóforos e a Confraria de Csífodas tornou-se um traço marcante de meu clã. Acabou sendo a causa de nossa própria denominação:

Xilóforo significa portador de madeira. Meus antepassados formavam, na Grécia antiga, uma venerável ordem filosófica. Distinguiam-se pelos longos cajados que portavam em suas caminhadas pelos caminhos dos montes e vales gregos. O líder do clã era chamado de basileu, ou seja, rei. Tinha por apanágio usar o maior e mais imponente de todos os cajados. Naturalmente, tais cajados tinham propósitos específicos. Serviam, por exemplo, para apoio nas encostas mais íngremes, e para enxotar meliantes de segunda categoria. A razão de ser maior, entretanto, era o enfrentamento dos cães. Já naqueles tempos, donos tinham o péssimo hábito de deixar soltas suas feras particulares. Uns, por acharem inofensivos seus lulus. Outros, cônscios dos maus bofes de seus cérberos, simplesmente pensavam: danem-se os caminhantes! Os donos mais radicais diziam: danem-se todos, em geral e a propósito de qualquer coisa. Eram adeptos do mortal adversário dos xilóforos, o abominável Csífodas.

Claro está que, para os Csífodas, os Xilóforos nunca passaram de mosca no cocô do cavalo do amigo do bandido. Eles sempre estiveram muito ocupados com a conquista do poder verdadeiro, manipulando outras forças políticas, e enfrentando adversários de peso. Inclusive outras sociedades secretas, como a Grande Fênix.

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P - Como os Csífodas e a Grande Fênix disputaram o controle da Roma antiga?

R - Os Csífodas foram uma força dominante na fundação da cidade, e procuraram marcar sua imagem, introduzindo o mito da loba. Entretanto, a Fênix também procurava adquirir o controle de Roma, na medida em que esta ia absorvendo a civilização grega. Um sinal disso foi a substituição dos deuses latinos originais, não personificados, como o misterioso Quirino, por assimilações dos deuses gregos: Zeus virou Júpiter, Ares virou Marte, e assim por diante. Um ponto decisivo aconteceu quando os gauleses surpreenderam os romanos dormindo, sem que os cães do Capitólio os avisassem. A cidade foi saqueada, e o chefe gaulês Breno pronunciou a celebre frase: Ai dos vencidos! 

Foi a ultima vez que a Cidade foi tomada por bárbaros, até os anos finais do Império. Por causa desse episódio, os cães do Capitólio foram executados, e substituídos por gansos, por influência da Fênix. A adoção da águia imperial como símbolo foi outro indicativo da ascensão da Ordem. Os Csífodas mantiveram poder suficiente para que Roma fosse sempre um centro de alta corrupção política, e até conseguiram proibir as Bacanais, prejudicando a Fênix, como narrei em meu livro. Mas este também narra como o auge do poder da Fênix em Roma ocorreu durante o Império, depois a que a Ordem parecia ter sofrido sua maior derrota.

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P - O que aconteceu com os Csífodas na Idade Média?

R - Na Idade Média, os Csífodas se consolidaram entre a classe mercantil. Teoricamente desprezados pelos todo-poderosos nobres, conseguiram poder razoável, controlando a agiotagem e intermediando a corrupção. Continuam nesses ramos até hoje. Como agiotas, tornaram-se indispensáveis para financiar os luxos e as guerras da nobreza. Muito influentes em Florença e Veneza, seu reduto mais notório era a cidade francesa de Cahors, citada na Divina Comédia. Aliás, o Alighieri os despachava para terceiro giro do sétimo círculo, onde eram chamados de violentos contra a Arte. À primeira vista, crer-se-ia que fossem vândalos, ou quem sabe, os equivalentes da época dos praticantes de música brega. Talvez seja uma alusão ao notório e ostensivo mau-gosto que grassa entre os Csífodas.

Mas o grande negócio da Confraria era a corrupção e, infiltrada na Igreja Católica, conseguiu colocar vários de seus membros mais influentes no Trono Papal. A corrupção da Igreja medieval gerou cismas, guerras, e até a reação de ordens religiosas, como a dos Franciscanos. O estopim da Reforma, como se sabe, foi a venda das indulgências; querem coisa mais Csífodas? O auge do poder Csífodas na Igreja foi o pontificado de Rodrigo Borgia, o Papa Alexandre VI. Através de seus filhos César e Lucrécia, tentou o ousadíssimo lance de dividir o poder mundial clandestino entre as grandes Sociedades Secretas, como dividira o poder mundial aparente entre Portugal e Espanha, no Tratado de Tordesilhas. Mas essa história deverá ser contada em uma futura seqüência da Saga da Grande Fênix, que, por enquanto, estou apenas ruminando.

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P - Qual a relação entre os Csífodas e o capitalismo?

R - A forma atual da Confraria de Csífodas tomou corpo na Inglaterra do século XVIII. O mistério foi desvendado do final dos anos 30, pelo então jovem economista chinês Fuk Yu-meng. O chamado Grande Timoneiro Mao Ze-dong, então em guerra tanto contra os japoneses quanto contra o partido Kuo Min-tang, o tinha enviado ao berço do capitalismo, para estudar o inimigo em seu covil, como o haviam feito Marx e Engels. Colocado como assistente de pesquisa em Oxford, por influência do Komintern, o dr. Fuk se interessou pela obra de Adam Smith, tido como o Pai do Capitalismo.

Foi durante os anos de estudo na Inglaterra que Fuk Yu-meng conheceu um compatriota e parente distante, chamado Fuk Kwik-li. Este estudava economia, tendo recebido uma bolsa de estudos do governo do Kuo Min-tang. Estagiava na Bolsa de Valores londrina, e não escondia o entusiasmo pelo capitalismo, que considerava o caminho luminoso para o futuro de todos os povos. Apesar das diferenças ideológicas, os dois primos se deram bem, pelo menos no começo. Na realidade, Fuk Kwik-li até prestou um grande serviço a Fuk Yu-meng, quando chamou a atenção deste sobre um obscuro filósofo grego chamado Csífodas, do qual Adam Smith teria sido devotado seguidor. Fuk Yu-meng, seguindo a orientação de Mao no sentido de conhecer o inimigo, estudou profundamente a obra de Csífodas, descobrindo a grande influência que a Confraria fundada por este exercera em momentos cruciais da história humana.

A tese de Fuk Yu-meng versou sobre o problema filosófico do Singular e do Múltiplo, explorando as implicações da proposição de Csífodas, segundo a qual os conflitos de interesse entre o individual e o coletivo eram apenas ilusões. Se cada um perseguisse ardorosamente seus interesses mais egocêntricos, dizia Csífodas, uma espécie de Mão Invisível faria com que os conflitantes interesses individuais resultassem no melhor mundo possível para o interesse coletivo. Fuk Yu-meng investigou a contribuição para essa tese trazida pelo doutor Pangloss, outro filósofo obscuro, que muitos conhecem apenas por algumas citações de Voltaire. O dr. Fuk descobriu também que Adam Smith não era exatamente um membro da Confraria, e sim um consultor, contratado por estes para formalizar-lhes a doutrina, dando-lhe uma justificativa politicamente aceitável.

A Confraria se cansara de depender dos perigosos jogos da corrupção e da agiotagem, e queria que suas idéias dirigissem a nascente Revolução Industrial, e que a ordem mercantil substituísse a ordem da nobreza, que chegava ao fim da linha. Para isso era preciso apresentar o Caminho de Csífodas como a via da racionalidade econômica, superior à realeza arcaica e ineficiente, e única exeqüível, em vista do egoísmo inerente à natureza humana. Smith desincumbiu-se brilhantemente, e até hoje a Confraria constantemente remunera economistas ditos neoliberais, para que repisem tais teses em livros, palestras e aparições na mídia. Por outro lado, ao contrário dos economistas neoliberais de hoje, Adam Smith detestou os aspectos morais da Confraria, na qualidade de adepto do humanismo do século XVIII. Em seus livros de enfoque moral, Smith denunciou as práticas da Confraria, de forma candente:

The interest of the dealers, however, in any particular branch of trade or manufacture, is always in some respects different from, and even opposite to, that of the public. To widen the market and to narrow the competition, is always the interest of the dealers. To widen the market may frequently be agreeable enough to the interest of the public; but to narrow the competition must always be against it, and can serve only to enable the dealers, by raising their profits above what they naturally would be, to levy, for their own benefit, an absurd tax upon the rest of their fellow-citizens. The proposal of any new law or regulation of commerce which comes from this order, ought always to be listened to with great precaution, and ought never to be adopted till after having been long and carefully examined, not only with the most scrupulous, but with the most suspicious attention. It comes from an order of men, whose interest is never exactly the same with that of the public, who have generally an interest to deceive and even to oppress the public, and who accordingly have, upon many occasions, both deceived and oppressed it.

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P - A quantas andam os Csífodas hoje em dia?

R - Nos dias de hoje, a Confraria de Csífodas parece ter atingido seu auge de poderio em todos os tempos. Após a queda da União Soviética, a Confraria pôde sustentar com mais força a noção de que não há alternativa para o Capitalismo; a mídia martela essa tese diariamente, grande parte dos intelectuais que se diziam de esquerda já aderiu, e todos os governantes, mesmo aqueles que prometiam outros rumos, repetem a mantra de que fora do mercado não há salvação. Mais de um bilhão de pessoas ainda vive em regimes teoricamente comunistas, mas a esmagadora maioria está na China, que atualmente segue os ditames de Fuk Kwik-li, o primo e arqui-rival do mestre Fuk Yu-meng. Ele pregou o amálgama entre o liberalismo econômico capitalista e o autoritarismo stalinista, usando o slogan encampado por Deng Xiao-ping: Enriquecei!.

Fuk Yu-meng vive hoje no exílio por achar que isso é juntar o pior de dois mundos, ou o inútil ao desagradável. Fuk Kwik-li dizia que era isso, ou a fome e o caos. Você decide. Seja como for, existe hoje um ramo chinês importante da Confraria. Fundado, naturalmente, por Fuk Kwik-li. Mesmo no terceiro e no quarto mundo, onde, a rigor, não se pode dizer que o Capitalismo tenha realmente chegado, a Confraria age e controla o que interessa, deixando a conta para os contribuintes, quando não interessa. Em toda parte, a Confraria procura não dar a impressão de ser uma entidade monolítica, o que proveria um foco para seus muitos inimigos. Em certos contextos, adota outras denominações e formas, como Comissão Trilateral, Consenso de Washington, Fórum de Davos, e por aí afora. Mas essa estrutura aparentemente frouxa é um de seus pontos mais fortes, como naturalmente sempre aconselharam os seus consultores de teoria dos sistemas.

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P - O que é a Sociedade do Grande Dragão?

R - Além da Ordem da Grande Fênix e da Confraria de Csífodas, parece existir uma terceira grande Sociedade Secreta, talvez ainda mais poderosa do que as anteriores. Mas dela, pouquíssimo sei, inclusive o nome verdadeiro, de tão secreta que é. Por conveniência e simetria, costumo chamá-la de Sociedade do Grande Dragão, lembrando a oposição dialética entre Fênix e Dragão, aves e serpentes, anjos e demônios, Eros e Tânatos, o Foder e o Poder. Os adeptos da Grande Fênix os chamam de Adversários. Esse, é bom lembrar, é o significado original da palavra Satã.

O Grande Dragão parece ser a única Sociedade temida pela Confraria de Csífodas, e as duas parecem atuar de forma concorde, na maioria dos casos. Entretanto, ocasionalmente, a Sociedade dispensa os serviços da Confraria, e pode mesmo atacá-la, como aconteceu com os Nazistas, tidos como controlados pelo Grande Dragão. Suspeita-se que a Sociedade esteja por trás de outros dos piores momentos da Humanidade, como a Inquisição, a Ku-klux-klan (como se chamam seus líderes?), o Apartheid, George W. Bush etc.

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P - O que as grandes sociedades secretas têm em comum?

R - Curiosamente, o trio das Grandes Sociedades me lembra um livro que li quando menino, escrito, aparentemente, por um pastor ou coisa parecida. A maior parte do dito no livro era baboseira, mas me ficou a lembrança de que, segundo o tal pastor, o Mundo Moderno teria abandonado o Deus verdadeiro para idolatrar Príapo, Mamona e Wotan, ou seja, as personificações do Sexo, do Dinheiro e da Força. Coincidência ou não, os primeiros moventes, respectivamente, da Grande Fênix, dos Csífodas e do Grande Dragão.

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P - O uso da pomba como imagem da paz tem alguma ligação com a Grande Fênix?

R - Segundo a Ordem, todos os símbolos de entidades aladas, existentes nas mais diversas religiões, são originários da Grande Fênix. O objetivo seria sempre o mesmo: mediar entre o Humano e o Divino. Esses símbolos são muito comuns em religiões ditas pagãs (o cisne de Leda, o Pégaso, as Harpias, o Grifo, os pássaros de Odin e Siegfried, a Garuda hindu, Quetzalcoatl, e, naturalmente, a Fênix de tantas mitologias diferentes), mas também são freqüentes nas religiões monoteístas (os anjos, a pomba de Noé, a visão de Ezequiel, a pomba do Espírito Santo, o asno alado de Maomé). Então, segundo essa alegação, a pomba da paz seria um caso entre muitos.

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P - A Grande Fênix tem algo a ver com os Illuminati? Quem é mais influente?

R - Segundo Todos as minhas fontes indicam que existem apenas três sociedades secretas verdadeiramente poderosas: a Ordem da Grande Fênix (que abreviaremos como OGF), a Confraria de Csífodas (CC) e a Sociedade do Grande Dragão (SDG). Sobre as duas primeiras, já adiantei muito informação em A Grande Fênix. Sobre a última, sei muito menos, pois é a mais secreta, mais misteriosa, e, provavelmente, a mais poderosa e malévola de todas. Existem miríades de outras sociedades menores, entre as quais a Companhia dos Enviados de Asmodeu e a Seita dos Assassinos. Muitos grupos diferentes se têm atribuído o título de Iluminados, ou, em latim, Illuminati, fora os puramente fictícios. Dos grupos reais, o mais conhecido é o dos Illuminati Bávaros, originário da Alemanha, que, alegadamente, tinha relações estreitas com a maçonaria e reuniu algumas personalidades importantes da Europa do Século XVIII. Alguns sustentam que essa sociedade ainda existe e é muito poderosa, talvez formando uma espécie de governo mundial. Outras sociedades são citadas ora como denominações alternativas dos Illuminati, ora como aliadas, parceiras, concorrentes ou rivais: os Rosacruzes, os Jacobinos, os Templários, a Skull & Bones, o Grupo Bilberberg, os TRES (Templi Resurgentes Equites Synarchici)... Comentando sobre o assunto, minha fonte na OGF foi bastante irônica, dizendo que os Illuminati Bávaros devem ser a sociedade secreta menos secreta do mundo... Em todo caso, a OGF tem o hábito de infiltrar-se em governos, polícias secretas, religiões e até outras sociedades secretas, e os lluminati Bávaros não foram exceção. Suas principais concorrentes, a CC e a SDG, fazem o mesmo. Por isso, muitas das ações que são atribuídas aos Illuminati e aos outros grupos citados foram, na realidade, obra de alguma das Três Grandes.

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P - De quem são os símbolos na nota de um dólar? Quem governa os Estados Unidos? Algum grupo está querendo introduzir uma nova ordem mundial, e escravizar a Humanidade?

R - Existem explicações acadêmicas e oficiais sobre a nota de um dólar, e o Grande Selo dos Estados Unidos, que nela é exibido. Mas a versão da OGF é a seguinte. Entre os pais da pátria americanos, as duas facções predominantes eram a francófila, mais liberal, liderada por Thomas Jefferson, e a anglófila, mais conservadora, liderada por John Adams. Elas eram ligadas, respectivamente, à OGF e à CC. Depois de muita discussão, chegou-se a uma solução de compromisso no desenho do Grande Selo.

O anverso contém a águia, símbolo da Grande Fênix, que, segurando tanto o ramo da paz quanto as flechas da guerra, sintetiza diversos símbolos religiosos aviários. O lema E Pluribus Unum (De Muitos, Um) alude à Fênix, que é uma entidade só em múltiplas encarnações.

O reverso contém a pirâmide inacabada, que representa a acumulação do capital, ainda inacabada, com o olho da Confraria, que tudo vê. Devemos lembrar-nos de que, na época, o capitalismo apenas começava a triunfar sobre o feudalismo. O lema Annuit Cœptis (Aprovou o Início) indica que o núcleo internacional da Confraria aprovava o início da nação americana, por nela ver a base para a futura institucionalização do capitalismo como sistema econômico único da humanidade – daí o outro lema,  Novus Ordo Seclorum (Nova Ordem dos Séculos).

No centro da nota, aparece o lema In God we Trust (Em Deus confiamos). Este lema foi introduzido muito tempo depois, quando substituiu E Pluribus Unum, marcando a substituição da OGF pela CC, como poder dominante nos EUA. O auge do poder da OGF havia sido nas presidências de Jefferson, Madison e Monroe; daí em diante, os presidentes se tornaram cada vez mais dependentes dos grupos econômicos, e, portanto, da CC. Ao substituir E Pluribus Unum por In God we Trust, a Confraria de Csífodas aparentemente fez uma reverência à maioria cristã do país, mas trata-se apenas de uma versão disfarçada do lema deles: In Gold we Trust.

Ultimamente, tem havido inquietantes sinais de que a SGD está ganhando influência no governo americano. Até então, a SGD tinha agido principalmente nas sombras, em organizações como a Ku Klux Klan, a Máfia e outras organizações fascistas ou criminosas.

Dominar o Mundo todas as Três Grandes querem. Quanto a escravizar, depende do que se entende por escravo. A CC, por exemplo, é contra a escravidão tradicional, porque o senhor é responsável, pelo menos em tese, pela sobrevivência e saúde de seus escravos. Preferem os assalariados que, quando põem o pé fora da fazenda, da fábrica ou do escritório, não dizem mais respeito ao patrão. Nesse sentido, estamos na fase de domínio deles, pois, da imensa maioria das pessoas, que não é assalariado sonha em tornar-se um... Mas isso ainda é bem mais ameno que o conceito da Sociedade do Grande Dragão.

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